Sem ônibus e sem soluções, usuários enfrentam horas nos pontos em condições desumanas. Câmara realiza encontro com o secretário de transportes para tentar amenizar a situação
Por Ivan Valentino

A crise no transporte público de Magé tem tornado a rotina dos moradores um verdadeiro sofrimento. Com ônibus sucateados, linhas reduzidas e longas esperas nos pontos, a população enfrenta um cenário caótico, agravado pelo calor intenso. Há casos de passageiros que chegam a esperar até três horas para conseguir embarcar, sem qualquer garantia de que o veículo chegará em condições adequadas.
Na última quarta-feira (12), uma reunião na Câmara Municipal expôs a gravidade da situação. O secretário de Transporte, Junimar, foi convidado para prestar esclarecimentos sobre as medidas adotadas para solucionar o problema. No entanto, apesar de uma apresentação detalhada e técnica, a realidade dos usuários continua a mesma – ou pior. A empresa Iluminada, responsável pela concessão do transporte coletivo, não tem cumprido prazos e segue operando de maneira precária.
O vereador Kequinha, que vivenciou na pele o drama dos passageiros ao esperar duas horas e meia por um ônibus, reforçou as queixas da população. “É desumano ver idosos, mães com crianças de colo e trabalhadores ficarem tanto tempo expostos ao sol escaldante sem saber se conseguirão embarcar”, destacou.
A esperança de novos ônibus também se frustrou. A empresa Iluminada se comprometeu a disponibilizar 30 ônibus novos (10 seriam entregues até o final de fevereiro e, a cada mês, seriam disponibilizados mais 5 ônibus até completar o número total prometido), mas a primeira frota prometida não foi entregue no prazo. Segundo o secretário, a aquisição de 30 veículos elétricos por parte da Prefeitura e aprovada na Câmara foi travada por burocracias federais, sem previsão de resolução. Enquanto isso, a população segue sem alternativas.
Os vereadores cobraram medidas emergenciais, como a possibilidade de um plano emergencial para minimizar o impacto da crise, mas nada concreto foi definido. A recomendação implícita parece ser que a população continue recorrendo a transportes alternativos, como vans irregulares, bicicletas ou até mesmo longas caminhadas.
O presidente da Casa, vereador Valdeck, elogiou a apresentação do secretário, porém, lamentou que não tenha nenhum resultado prático para que o problema seja resolvido e solicitou um prazo para a solução do mesmo. Seguindo a fala do presidente, os vereadores João Victor Família, Junior da Capela, Igor Fabiano (presidente da comissão de transporte da Casa) e Léo da Vila (vice-presidente da mesma comissão), salientaram que não tem como mais esperar e que o novo prazo dado de 30 dias seja o último e caso não seja cumprido pela empresa, que sejam tomadas medidas mais enérgicas por parte do poder público, cogitando até o rompimento do contrato e uma nova licitação para que uma nova empresa possa gerenciar o transporte público no município. O vereador Pablo, que foi secretário de transporte, se mostrou solidário ao atual secretário e se colocou à disposição para encontrar uma solução por parte da secretaria.
Lideranças e usuários presentes na reunião ficaram indignados com a fala do secretário
Dezenas pessoas estiveram presentes na reunião interessadas e preocupadas com a questão do transporte público em Magé. Após a fala do secretário Junimar, o público presente, muitos deles usuários do transporte público, se mostrou indignado com a falta de solução ao problema. Muitos questionaram a omissão por parte da secretaria de transporte na solução deste problema e se manifestaram pedindo ações mais eficazes para solucionar ou, pelo menos, amenizar o problema imediatamente. O público presente também reclamou do discurso individualista, segundo os presentes, por parte do secretário, creditando a si próprio todas as ações da pasta, que segundo os presentes, tal discurso se assemelhava a uma defesa própria, querendo se isentar dos problemas no transporte ao invés de apresentar soluções para o mesmo.
O cenário atual é de incerteza e indignação. Sem um prazo para melhorias, os moradores de Magé enfrentam diariamente uma luta para se deslocar, sem saber quando – ou se – poderão contar novamente com um transporte público digno.

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